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"ANTES QUE A LINHA SE AFOGUE"
Isso deu-nos tempo para aferir o
peso das nossas mochilas… medalha de ouro para o Gabriel; dar uma volta
pela Feira de Ermesinde, e para conhecer a catana do Jorge apelidada por
ele, carinhosamente, de canivete!
Tralhão,
Brunheda, Abreiro, até Ribeirinha. Foi aí que chegámos pelas 16 h e nos
esperava ainda um sol tímido e morno que nos aqueceu do cansaço da
viagem. Foi aí que fomos surpreendidos mais uma vez pela simpatia e
hospitalidade das gentes no nosso país. O Sr. Abílio, a esposa e o
filho, os donos do Café Luky-Luke e as gentes de Ribeirinha. Junto à
estação mais uma vez armamos a barraca (verdadeiramente, a tenda). Num
espaço da antiga estação que o Sr. Abílio nos cedeu, para quem não tinha
tenda impermeável passar a noite, jantámos mais tarde, abrigados do
frio. Depois do jantar, solas aldeia acima, fomos até ao acolhedor café
da aldeia o Luky-luke, onde à beira de uma salamandra, passamos parte do
serão.
Chegamos à estação onde inicia o percurso ainda ativo, onde o
comboio ainda existe e circula. Nada melhor que terminar esta aventura a
andar de comboio. Numa visão diferente, através dos vidros da
locomotiva, percorremos o que nos restava até Mirandela. Assim
terminámos com o pouca-terra, pouca- terra e as histórias do simpático
motorista. Em Mirandela tirámos a desforra de três dias a sandes e
latas de feijoada com uma boa posta ou uma boa alheira. Como novos,
depois do almoço, a desejarmos um bom banho, apanhámos o expresso que
nos trouxe de volta a casa.
“ Tua – Mirandela, antes que a linha se afogue” era o lema das T- shirts que envergámos logo no primeiro dia desta nossa missão.
E com intuito de percorrer a linha de comboio a pé, a aventura começou mesmo ali na Estação de Ermesinde, onde conseguimos perder…exacto…o mesmo…o comboio!
Isso deu-nos tempo para aferir o
peso das nossas mochilas… medalha de ouro para o Gabriel; dar uma volta
pela Feira de Ermesinde, e para conhecer a catana do Jorge apelidada por
ele, carinhosamente, de canivete!
Enfim,
depois da espera, o desejado comboio e lá fomos nós até ao Tua. Aí, à
nossa espera estava o guarda da estação, junto do qual tirámos a foto de
grupo.
E foi aí que demos corda aos sapatos e sob o peso das mochilas começamos o nosso percurso. Fizemos uma pequena pausa junto a uma quinta de vinho do Porto, onde o caseiro amavelmente nos presenteou com duas garrafinhas do melhor licor dos Deuses, vinho do Porto do melhor. Aquecidos por aquele combustível enfrentámos a subida mais difícil do percurso. E com os”bofes de fora” chegámos à estrada que nos levaria à Linha. Passámos pelos trabalhadores da barragem que pensaram que fazíamos parte dos activistas contra a mesma que nesse fim-de-semana acampavam em protesto contra as obras. Desconfiados, acho que não acreditaram nas nossas explicações. Passamos pelo Fiolhal, terra bonita e simpática, onde retemperámos as forças com umas sandes, chouriço e claro…vinho do porto. Foi também aí o nosso primeiro contacto (de três) com os senhores agentes da autoridade que zelavam pela ordem, em dia de manifestação. Mais uma vez explicámos que não éramos activistas.
Já mais fortes, após o farnel, começámos a descer até ao local onde efectivamente íamos encontrar novamente a linha. De um lado, uma placa de perigo e as detonações das obras da barragem, do outro a linha ainda intacta, a lembrar viagens passadas. Trave após trave, seguimos as guias de ferro da velha linha de comboio. Foi também ai que se juntou a nós uma paisagem soberba, encosta abaixo, socalco a socalco, até ao Tua, insinuante e sinuoso no seu leito. Começámos a perceber que a tarefa de carregar as tendas, as mochilas e avançar, passo apertado marcado pelas traves da linha não ia ser fácil, mas éramos movidos pela vontade de cumprir um objectivo.
Assim, e na camaradagem de um grupo que se tornou uma família, lá fomos, estação após estação, animados pela conversa, pela paisagem, pelo barulho dos pássaros e do vento. É espantoso pensar que esta linha ligava povoações que agora quase desapareceram, era o comboio que trazia agitação e novidades, era o comboio que tornava o longe perto. Tralhariz, Castanheiro, Santa Lúzia, até S. Lourenço onde iríamos pernoitar, com a promessa de termos água quente das termas à nossa espera para um bom banho.
Nas ruínas do que foram a termas e numa aldeia que mais parecia uma povoação fantasma, refrescámos a cara, lavámos os dentes e pouco mais, o banho iria ter que esperar. Mas animados, montámos as tendas junto à estação de S. Lourenço, onde acendemos uma fogueira e "limpámos" umas quantas latas de feijoada, almôndegas, jardineira etc, aquecidas num pequeno bico. A meio da noite fomos acordados pelo Sérgio, pelo Jorge e pelo André, que apertadinhos ocupavam os três uma tenda que à vontade dava era para um! E foi a meio da noite que se ouviu saltar a rolha da garrafa do vinho do Porto para matar a sede e o frio aquelas almas. Entre risos a cortar a noite voltamos a adormecer até ao toque de alvorada. Estava frio e prometia chover. Levantamos amarras e seguimos linha adiante.
As pernas já habituadas ao peso das mochilas e ao passo certo, fomos mais uma vez estação após estação, debaixo sempre da ameaça de chuva, que nos baptizou simpaticamente apenas com uns pequenos aguaceiros. Não foi isso que nos fez desanimar, continuávamos sobranceiros a uma vista fabulosa, com a força dos rápidos do Tua, alternando com zonas calmas e pardacentas. Passámos debaixo de pontes novas, por cima de pontes velhas, cujas traves permitiam ver o chão metros abaixo. Connosco, uma parte do tempo, caminhou um pescador desportivo, outrora instrutor de Sky em Andorra, ex instrutor de pessoas famosas como o Futre e outros. Presenteou-nos com a sua companhia, enquanto caminhávamos e com as suas histórias de vida .
Tralhão,
Brunheda, Abreiro, até Ribeirinha. Foi aí que chegámos pelas 16 h e nos
esperava ainda um sol tímido e morno que nos aqueceu do cansaço da
viagem. Foi aí que fomos surpreendidos mais uma vez pela simpatia e
hospitalidade das gentes no nosso país. O Sr. Abílio, a esposa e o
filho, os donos do Café Luky-Luke e as gentes de Ribeirinha. Junto à
estação mais uma vez armamos a barraca (verdadeiramente, a tenda). Num
espaço da antiga estação que o Sr. Abílio nos cedeu, para quem não tinha
tenda impermeável passar a noite, jantámos mais tarde, abrigados do
frio. Depois do jantar, solas aldeia acima, fomos até ao acolhedor café
da aldeia o Luky-luke, onde à beira de uma salamandra, passamos parte do
serão.
No
dia seguinte, a última etapa, a mais pequena, até ao Cachão. Caso para
dizer “ da cova ao caixão” ou não? “ do caixão à cova” já em ritmo de
cruzeiro cumprimos os últimos quilómetros, numa paisagem menos
escarpada, menos socalcos, mais planície, mais rural, com quintais e
pomares.
Chegamos à estação onde inicia o percurso ainda ativo, onde o
comboio ainda existe e circula. Nada melhor que terminar esta aventura a
andar de comboio. Numa visão diferente, através dos vidros da
locomotiva, percorremos o que nos restava até Mirandela. Assim
terminámos com o pouca-terra, pouca- terra e as histórias do simpático
motorista. Em Mirandela tirámos a desforra de três dias a sandes e
latas de feijoada com uma boa posta ou uma boa alheira. Como novos,
depois do almoço, a desejarmos um bom banho, apanhámos o expresso que
nos trouxe de volta a casa.
Tua
– Mirandela antes que a linha se afogue e com ela, décadas de
histórias, encontros e desencontros. Numa paisagem que sabe de cor as
vidas de quem por lá passou e que debaixo de água as vai guardar para
sempre. Com um grupo de amigos, uma meta na mente e o nosso Portugal no
seu melhor em volta, ficámos todos com saudades mesmo antes de acabar. E
a sonhar com as traves da linha, com os parafusos datados do Rocha na
mochila para recordação, as garrafas de vinho do Porto e de chiripiti
vazias e as máquinas fotográficas cheias de fotos e lembranças
terminamos por aqui… venha a próxima.
Descrição feita pela Alexandra
Mais Informação:
- Percurso: Foz do Tua - Mirandela
- Local: Tua
- Partida/Chegada: Foz do Tua/Mirandela
- Tipo: Linear
- Grau: Médio
- Sinalização: Nenhuma
- Pontos de Água: 3
- Exposição Solar: Alta
- Pontos de Interesse: Rio Tua, Antigas Estações e Apeadeiros, Antiga linha férrea, Aldeia da Ribeirinha, Cidade Mirandela
- Participantes: Sérgio, Jorge, André, Gabriel, Ricardo, Rocha, Alexandra, Sérgio Silva, Catarino, Sílvia, Rui
- Dicas: Água, roupas adequadas às condições atmosféricas, protector solar
- Mapa: Aqui
- Organização: Solas Rotas
- Percurso: Foz do Tua - S. Lourenço
- Distância: 18 km
- Duração: 6h
- Percurso: S. Lourenço - Ribeirinha
- Distância: 18.7 km
- Duração:5h
- Percurso: Ribeirinha - Cachão
- Distância: 8km
- Duração:2h
- Ermesinde - Tua (Comboio) - 10,85€
- Cachão - Mirandela (Metro) - 1,55 €
- Mirandela - Porto (Camioneta) - 11,50€
- Porto - Ermesinde (Comboio) - 1,90€
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Comentários
vai deixar saudades...
ResponderEliminarAdorei o caminho e os companheiros da jornada, estão todos de parabéns...
ResponderEliminarObrigado a todos os meus companheiro de caminhada pelos bons e maus momentos passados nestres 3 dias.
ResponderEliminarUma nota de apreço ao meu filho ( André) pela coragem de nunca desistir e igualmente ás duas " girls " que no meuo de 9 homens se debateram do mesmo modo quer a caminhar quer a beber.
Um bem haja a todo e até á proxima Grande Rota.
Foi uma excelente aventura...obrigado por a terem partilhado comigo...todo o grupo está de Parabéns, temos que pensar já numa próxima :).
ResponderEliminarFica aqui uma palavra de apresso ao Sr. Abílio da estação da Ribeirinha, pela sua hospitalidade, no mundo fazem falta pessoas assim.
Abraços e Beijinhos para todos.
Viva. Podem-me dizer qual é o mapa do IGE ?
ResponderEliminarVer no wikiloc: http://pt.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=2622666
ResponderEliminarNão sei qual o mapa do IGE (Instituto Geográfico do Exército).
ResponderEliminarNão deve ser complicado chegar ao mapa IGE se:
ResponderEliminar1. Utilizar o trilho do Wikiloc
2. Consultando: http://www.igeoe.pt/utilitarios/cartogramas/25mil (Internet Explorer)
3. Consultando: http://www.igeoe.pt/igeoesig/
Espero ter ajudado